Tartaruga encontrada morta com cordas na pata e até capacete descartado na areia são exemplos de como a poluição afeta a vida marinha e lagunar na área da ‘Prainha’.
Não precisa andar muito pelas margens da Laguna Mundaú, em Maceió, para logo encontrar pedaços de plástico, embalagens de bebidas, latas e até um capacete descartado entre uma montanha de lixo. Essa é a realidade num dos principais cartões postais de Maceió. O Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Mangaba (CELMM) é hoje destino de turistas e nativos que utilizam lanchas e motos aquáticas como ponto de lazer e balneário.

Só que esse divertimento também tem impactos. O descarte irregular de lixo é frequente e se junta a toneladas de material, principalmente plástico, que vem trazido pela corrente. Na faixa de areia entre o mar e a laguna, a triste cena de uma tartaruga que não conseguiu se livrar de cordas enroscadas na pata, e acabou morrendo, sendo mais uma vítima da ‘pesca fantasma’, quando resto de linhas, redes são deixadas pelos pescadores.

Para o marinheiro José Santos, o lixo atrapalha até o funcionamento do motor dos barcos. “É frequente o lixo enroscar nas hélices”. Outra preocupação do profissional que trabalha há mais de 30 anos, é o nível da laguna. “Está assoreada. Em alguns trechos não é possível navegar”, alerta.
De acordo com o Instituto do Meio Ambiente (IMA), o órgão integra o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar, promovendo ações de impacto contra o lançamento de resíduos indesejados nos cursos hídricos. A exemplo da extinção dos lixões, principal fonte de dejetos no mar em períodos chuvosos, decisão pioneira no Nordeste através de Alagoas.
O IMA também diz que realiza campanhas educativas para conscientizar a população sobre o descarte de resíduos em nossas águas, mas que encontra dificuldade, pois o monitoramento de lixo é um desafio que necessita de apoio logístico e de recurso (financeiro e humano) de municípios, desde Pernambuco – onde estão nascentes de rios que desaguam nas lagunas.

Questões naturais também dificultam a operação, afirma Ricardo César, coordenador do Gerenciamento Costeiro do IMA. “Para fazer o monitoramento no próprio Complexo Estuarino, seria ideal acontecer em dois momentos: verão, estação de vento leste-nordeste, e inverno, vento leste-sudeste. Isso porque o lixo se acumula no fundo das lagunas, assim os resultados de monitoramento seriam diferentes entre as duas estações. Durante o inverno, período chuvoso, é possível notar parte desse lixo avançando pela Praia da Avenida”, detalha.

O consultor de veículos, Will Lima, usuário do balneário da Prainha, lamenta que poucos se preocupem com a manutenção do lugar. “Ação tão simples de recolher o que você consumir e descartar de forma correta no local adequado, mas as pessoas preferem sempre o que é mais conveniente, jogar na areia ou na água. Todos nós perdemos” – disse.
Reportagem: Marcos Marabá
Colaboração: Janderson/ Assessoria do IMA