O Instituto Butantan, ligado à USP (Universidade de São Paulo) e financiado pelo Governo de São Paulo, poderá vender doses a outros países da América do Sul mesmo que a vacinação dos grupos prioritários não tenha sido concluída no Brasil ou no estado.
De acordo com o diretor do instituto, Dimas Covas, tudo dependerá se o Ministério da Saúde comprar ou não as 54 milhões de doses da CoronaVac, acordadas previamente. Se não, as remessas podem ser destinadas à Argentina.
Antes da incorporação da CoronaVac ao PNI (Plano Nacional de Imunização), o governador João Doria (PSDB-SP) chegou a anunciar a possibilidade de disponibilizar 4 milhões de doses do imunizante para outros estados brasileiros.
Governadores e prefeitos demonstraram interesse na compra, além dos países da América Latina, segundo o tucano. Em janeiro, o contrato de compra das 46 milhões de da CoronaVac pelo Ministério da Saúde brasileiro incluía a possibilidade de mais 54 milhões de doses a serem entregas posteriormente, ainda neste ano. O contrato deste segundo lote, diz o Butantan, ainda não foi firmado.
“Ofereci [as vacinas] ao ministério na semana passada, aguardo resposta até o final dessa semana, porque semana que vem vou fechar contrato com países, iniciando pela Argentina. Essa manifestação é importante para que não possa alegar que não houve essa oferta. Essa oferta está sendo feita via contrato”, afirmou Covas, em coletiva no Palácio dos Bandeirantes nesta quarta-feira (27).
A jornalistas, ele referendou que, se o governo federal não realizar a compra, acordos podem ser assinados com outros países já na semana que vem, sem citar datas de envio nem confirmar a quantidade de doses, que poderão ser distribuídas mesmo que a vacinação do grupo prioritário no estado não tenha sido concluída. O tom de Dimas Covas marca uma mudança de posição do instituto.
Em outubro, após o vaivém do Ministério da Saúde sobre a CoronaVac, Dimas falou à imprensa que a vacina estaria disponível e poderia até ser doada ao PNI, como já foi feito no passado.
Tudo depende de financiamento, explicou o diretor à época. Procurado pelo UOL, o Butantan não explicou se pretende adotar outra forma de distribuição de vacinas —como doação— caso o governo não firme o contrato.
Na coletiva, Doria, que vive uma longa disputa com a gestão de Jair Bolsonaro (sem partido) em relação às vacinas, reafirmou a posição de Covas.
“Precisamos de mais vacinas. O Butantan disponibiliza mais 54 milhões de doses da vacina do Butantan para o ministério. O ministério fará ou não opção de compra dessas vacinas para vacinar os brasileiros”, afirmou o governador, que fala com orgulho sobre a produção paulista do imunizante.
*Informações Uol